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Ao lado do seu fiel companheiro, o cãozinho Bart, Jean Ciarallo, um dos médicos veterinários mais importantes de Lafaiete é enfático ao falar de sua profissão: “O aprendizado deve ser contínuo e as novidades surgem todos os dias. E mais: esta é uma carreira como outra qualquer e, obviamente, merece ser valorizada. Não pode ser tratada como ação social”. A fala dele, inclusive, tem razão pois ainda há quem insista em desvalorizar o ofício do médico veterinário. “Não basta ser apenas apaixonado pelos animais, é preciso honrar os anos de estudos e o investimento feito em cima disso”, ressalta ele à frente da Clínica Veterinária São Francisco, referência nos cuidados dos bichos, não só em Lafaiete, como na região. “Aqui realizamos procedimentos que até mesmo poucas clínicas em Belo Horizonte realizam”, pontua. Nesta entrevista para a OLHAÍ, Jean fala de sua trajetória profissional e, claro, do orgulho de ter feito a melhor escolha da vida enquanto um apaixonado pelos animais.
A primeira pergunta não poderia ser outra: Quando surgiu a paixão pelos animais?
A resposta é simples: nem me lembro (risos). Minha família sempre teve muitos animais como cães, papagaios, cocotas, tucano – em uma época que era comum ter estes animais em casa. Minha avó tinha um verdadeiro viveiro e meus pais sempre gostaram de cães – chegamos a ter mais de 10 ao mesmo tempo. Entre os amigos, eu era conhecido por saber curiosidades sobre animais e também por ajudar cães de rua. Lembro que há muitos anos, aos 12, 13 anos, montei um grupo de amigos para ajudar estes animais.
Ser médico veterinário sempre esteve em seus planos ou pensou em seguir outra profissão?
Sempre esteve nos meus planos, porém, meu pai queria que eu fizesse medicina e até tentei, mas meu destino era mesmo ser médico de animais. No primeiro vestibular que fiz para veterinária, na UFLA (Universidade Federal de Lavras), onde tinham acabado de abrir o curso de veterinária com imensa procura – se não me engano eram 45 candidatos por vaga na época – eu consegui entrar e me lembro como se fosse hoje da minha alegria ao receber a notícia. Dentro da veterinária, desde o primeiro dia, o meu objetivo era ter uma clínica, a qual direcionei toda minha graduação, incluindo as cirurgias de pequenos animais.
Quando formou já conseguiu entrar imediatamente no mercado de trabalho? Quais foram as suas experiências até fundas a clínica veterinária são francisco, um dos principais centros veterinários em lafaiete?
Quando estudante corria muito atrás de estágios e, em um deles, na Clínica Juiz de Fora, na cidade de mesmo nome, ao terminar o estágio de férias em janeiro de 1999, o proprietário e hoje grande amigo, chegou para mim e falou: “Se quiser, no final do ano, ao se formar, você tem uma vaga garantida aqui na clínica”. Um mês antes da formatura, liguei para ele e perguntei se a vaga ainda existia e a resposta veio pronta: “Ligar te chamando já era demais né? Estou te esperando aqui”. Me formei e três dias depois já estava trabalhando na clínica, onde fiquei por dois anos, sendo esta uma grande escola prática. De lá resolvi, junto com um amigo de faculdade, abrir uma clínica na cidade de Cataguases, onde fiquei por mais um ano, até receber o convite para vir para Conselheiro Lafaiete, onde, ao lado de um grande amigo de faculdade e na época meu cunhado, abri o Centro Veterinário São Francisco.
Jean, para ser um bom médico veterinário não basta apenas gostar de animais, certo?
Certíssimo. Vejo as pessoas enveredando pela medicina veterinária para ajudar os animais e por amá-los demais. Contudo é preciso saber primeiramente que é uma profissão de aprendizado contínuo; não tem como parar de estudar; a cada dia é uma novidade na área; se descuidar um pouco já está atrasado, ainda mais nos dias de hoje quando a tecnologia está cada vez mais infiltrada em todas as áreas, inclusive na veterinária. E segundo, esta é uma profissão, não uma ação social. O veterinário tem que receber pelo que faz; temos que saber que o melhor que podemos fazer pelos animais é sermos veterinários competentes. E as pessoas devem saber que o bom veterinário não é aquele que atende de graça, mas aquele que oferece todo conhecimento e todos os meios possíveis para salvar o animal.
Como você avalia, nos dias de hoje, essa conscientização das pessoas em relação aos animais?
A conscientização pelo bem-estar animal está a cada dia maior e isso é ótimo, pois diminuem os maus tratos e aumentam os cuidados, não só com os pets ou animais domésticos, mas com todos os animais de nossa fauna. Antes uma pessoa atropelava um animal silvestre ou um cachorro atravessando a estrada e iam embora. Hoje param o carro e esperam o animal atravessar. A conscientização faz parte de um projeto contínuo de educação.
Quais os principais erros que você identifica no cuidado dos pets pelos proprietários?
Daria para escrever um livro sobre esta pergunta (risos). Só para enumerar alguns, comecemos pelo principal deles que é a profilaxia. A vacinação é muito importante e os tutores, por desconhecimento ou mesmo por achar que vacina seja cara em uma clínica, deixam seus animais desprotegidos. Hoje, temos no mercado diversas vacinas importantes e devemos ter este cuidado com eles. Sempre mostramos aos clientes do Centro Veterinário São Francisco que uma vacina sai muito mais barata que os banhos e a ração-se fizerem a conta anual e que é imprescindível que o animal seja vacinado corretamente. Falamos também que é muito mais barato vacinar que tratar depois, ainda correndo o risco de não conseguir salvar o seu pet. Outros erros comuns são: com a alimentação; os banhos excessivos; o uso de medicamentos por conta própria, principalmente medicamentos para humanos; a falta de antiparasitários, tanto internos (vermes) quanto externos (pulgas e carrapatos), entre muitos outros. Como disse, daria para escrever um livro.
E as dores e as delícias do seu trabalho?
São muitas as delícias: salvar uma vida é sempre uma delícia; ver um animal chegar carregado e ir embora andando; um entrando todo pelado e meses depois saindo peludo; animais bravos entrando na clínica e saindo amigo de todos os funcionários. Assim como as delícias fazem parte de nosso dia-a-dia, as dores também estão presentes, principalmente quando não conseguimos salvar uma vida e quando não temos nem chance de tentar, ou quando, claro, erramos por mais que tentamos não errar.
Que tipo de serviços você e equipe oferecem na Clínica Veterinária São Francisco?
Atualmente, a clínica conta com uma ampla gama de serviços. Além do básico que se encontra em qualquer clínica veterinária como consultas, vacinas, atendimento domiciliar, atendimentos de emergência e cirurgias de rotina como castrações, limpeza de cálculos dentários, tumores de mama e cesarianas, a São Francisco conta também com serviço de diagnóstico – sendo estes serviços de radiologia Digital, Ultrassonografia, Endoscopia, Videoscopia Rígida e parcerias em BH na área de Ecodoplercardiografia e Tomografia Computadorizada, exames laboratoriais diversos, tendo convênio com Laboratórios de renome, tanto em Lafaiete quanto em Belo Horizonte. Há também os tratamentos de laserterapia, acupuntura, quimioterapia veterinária, internação com funcionário 24 horas, canil de isolamento para doenças infectocontagiosas, gatil separado e um leito de unidade semi intensiva.
E tem mais?
Com certeza. Contamos também com atendimentos especializados na área de Ortopedia onde temos todo atendimento clínico e cirúrgico, inclusive com cirurgias ortopédicas complexas. Falando nisso, temos a área de cirurgia realizamos cirurgias oncológicas complexas, reparadoras ou reconstrutivas, torácicas, oftálmicas, de coluna, colocação de próteses traqueais, criocirurgias – sendo isso só possível devido a um centro cirúrgico completo e aparelhagem de primeira linha, além de uma equipe com cirurgião, auxiliares e anestesista em todos os procedimentos. Hoje, realizamos cirurgias em Lafaiete que normalmente apenas clínicas de capitais fazem, como as já citadas ortopédicas e ortopédicas complexas, as reconstrutivas e as próteses traqueais. Pode-se contar nos dedos o número de clínicas que fazem todas estas cirurgias em Belo horizonte, por exemplo.
A Medicina Veterinária vem evoluindo muito nos últimos anos, no entanto, há algo que ainda você sinta falta?
Sinto falta da valorização da profissão. Muitos ainda julgam a medicina veterinária como algo secundário e menos importante; uma simples profissão de quem gosta de animais. Tenho duas pós-graduações – uma em clínica e outra em Ortopedia; estou terminando meu mestrado em Bioengenharia Neuronal na UFSJ; sou membro da AO, a maior organização de ortopedia mundial; membro também do CBCAV (Colégio Brasileiro de Anestesiologia) e Cirurgia Veterinária e da OTV (Associação Brasileira de Ortopedia e traumatologia Veterinária). Todos os veterinários da clínica fazem especializações em alguma área, seja como anestesiologia diagnóstico por imagem ou oncologia. No geral, estudamos e trabalhamos o mesmo ou mais que qualquer outro profissional e deveríamos ser tão valorizados quanto todos pela população em geral.
Quais são os planos para o futuro?
O Centro Veterinário São Francisco só é possível por que tem uma equipe maravilhosa. São veterinários, auxiliares de veterinários, secretárias, gerente e consultor – todos empenhados em fazer o melhor. O plano para o futuro é capacitar cada vez mais estes verdadeiros parceiros fazendo com que a clínica não pare nunca de tentar a excelência em atendimento. Talvez não consigamos sermos os melhores no que fazemos, mas vamos sempre tentar. Já eu, no início de 2019, completo 19 anos de formação e não me canso de estudar. Também quero trazer cada vez mais inovações para Lafaiete.